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Doença do "cervo zumbi" pode ter contaminado humanos nos EUA

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Abril de 2024 às 16h17

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Leungchopan/Envato Elements
Leungchopan/Envato Elements

Nos Estados Unidos, pesquisadores descobriram, muito possivelmente, os dois primeiros casos de humanos afetados pela doença do "cervo zumbi”, oficialmente conhecida como Doença Debilitante Crônica (CWD, em inglês). Até então, não se conhecia a potencial capacidade de transmissão deste tipo de quadro provocado por príons de cervos, de alces ou de veados para pessoas.

Até então, sabia-se que os dois caçadores norte-americanos foram ao óbito em decorrência da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), provocada por príons e que afetam o sistema nervoso central — por lá, provocam sintomas próximos ao da demência, mas com evolução rápida. Entretanto, é nova a hipótese de que eles podem ter contraído o quadro raro, após o consumo de carne de cervo contaminado. 

Para entender os príons, vale mencionar que a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente chamada de "mal da vaca louca", também é uma das doenças causadas por estas proteínas com formas disfuncionais. Neste caso, já se conhece a possibilidade de transmissão entre espécies diferentes, após o consumo de carne contaminada.

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O que é doença do "cervo zumbi"?

Como adiantamos, a doença do cervo zumbi é uma expressão popular para casos de um quadro provocado por príons, a CWD. “Cervos com CWD podem parecer muito instáveis, tropeçando enquanto andam e, geralmente, estão muito magros”, detalha Amira Roess, epidemiologista e professora da Universidade George Mason (GMU), em nota. Ela não participou da atual pesquisa sobre os caçadores norte-americanos.

Além disso, a pesquisadora explica que esses animais podem apresentar outros inúmeros danos neurológicos, dependendo de como avança a doença causada por príons. Mudanças de comportamento e outras alterações motoras são esperadas.

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Fora o caso específico dos caçadores, a especialista em saúde considera “baixo” o risco de transmissão de doenças por príons de cervos para humanos, especialmente quando não há contato com o sangue do animal e nem com o tecido nervoso. Entretanto, “devemos ser muito cuidadosos e vigilantes”, pontua. 

Príons em humanos nos EUA

Em relação ao caso dos dois caçadores dos EUA, a situação dos pacientes foi recentemente analisada em um artigo, publicado na revista Neurology, por pesquisadores da Universidade do Texas em San Antonio (Utsa). A identificação da doença teria ocorrido em 2022.

Inicialmente, os médicos e pesquisadores se depararam com o caso de um homem de 72 anos, que buscou ajuda médica após apresentar confusão mental e mudanças atípicas de comportamento.

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Pouco tempo antes, um amigo do paciente morreu em decorrência da doença de Creutzfeldt-Jakob. Em comum, ambos caçavam e se alimentavam, eventualmente, de carne de cervo. Eles também morreram em poucos meses após descobrirem o diagnóstico da doença provocada por príons.

Apenas o consumo da carne do animal não parecia ser uma evidência forte conectada à transmissão dos príons entre espécies, mas os pesquisadores descobriram que o grupo de cervos caçado pelos homens estavam doentes, com CWD. 

"O histórico do paciente, incluindo um caso semelhante em seu grupo social, sugere uma possível nova forma de transmissão de CWD de animal para humano”, indicam os autores, no artigo. "Com base em modelos de primatas não humanos e camundongos, a transmissão da DCJ entre espécies é plausível”, completam. Isso fortalece a nova hipótese envolvendo a CWD.

Agora, a equipe aponta para a necessidade de uma investigação mais aprofundada sobre os riscos potenciais do consumo de cervos infectados na transmissão de doenças causadas por príons e os possíveis desdobramentos para a saúde pública.

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Fonte: Neurology e GMU